
Um exemplo é o professor de Processo Penal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Leonardo Marques. “A premissa elementar é: por que esse jovem (infrator) não chegou ao mesmo estágio de civilização que outros?”, questiona. A falha, segundo ele, está na educação e na falta de oportunidades. “Não quero dizer que todo pobre vai virar bandido, mas há uma vulnerabilidade evidente nas classes mais baixas que levam à entrada no crime”, completa.
Para ele, a educação precisa se tornar um valor prioritário, com reformulações em qualidade e na pedagogia. “Além de resolver o salário de miséria dos professores, o principal é fazer com que uma criança pobre chegue aos 18 anos com plenas possibilidades de futuro"
Exemplos. Esse processo, a que Marques dá o nome de “inserção cidadã”, transcende a escola e foi usado em Bogotá (Colômbia), onde havia, antes de 1993, índices de criminalidade muito maiores que os do Rio de Janeiro. “Ligaram as periferias à cidade, deram prioridade à educação e trouxeram o povo para a convivência social. Os índices caíram drasticamente.”
Outro exemplo dado pelo professor é a Coreia do Sul, país que, assim como o Brasil, iniciou sua industrialização na década de 50. “Hoje, diferente da gente, a capital Seul conta com sete universidades do peso da UFMG, com três ganhadores de prêmios Nobel dando aula. A desigualdade social é muito menor que a nossa”.
A juíza da Vara de Atos Infracionais da capital, Valéria Rodrigues, também atribui a alta criminalidade entre menores à falta de políticas públicas de prevenção. “Muitos jovens da capital só estão tendo acesso a direitos como educação, saúde e apoio psicológico depois que praticam algum crime, pois exigimos os encaminhamentos”, afirma.
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